Foi um Filósofo Contemporâneo que se dedicou a linguagem. A linguagem foi muito discutida e iniciou a sua problematização pela Escola de Oxford no ano de 1940. Austin nasceu em 26 de março de 1911 em Lancaster – Reino Unido - Inglaterra, e morreu em fevereiro de 1960. No início dos anos 50, coincidentemente, um lingüista norte-americano está propondo a gênese do que vai ser mais tarde um dos maiores empreendimentos lingüísticos na história desta ciência: a sintaxe gerativa.

Muitos filósofos e cientistas procuravam estudar porque, no Planeta, só o homem fala usando da razão. Papagaio também fala, mas sem usar a razão. Baleias se comunicam. Mas, não fazem uso da razão. Você não tem como perguntar que horas são para um papagaio. E ele, o papagaio, te responder corretamente. Porque então o homem fala? O que o diferencia dos outros animais? Hoje as máquinas também falam usando da inteligência artificial. É este assunto que interessa aos filósofos da linguagem. Entender porque na natureza, só o homem conseguiu este prodígio!

É justamente o que estamos discutindo aqui. E não vamos discutir a linguagem rebuscada, a linguagem de pessoas com muito conhecimento. Vamos tentar refletir juntos com o nosso Filósofo Austin a linguagem ordinária. A mais simples linguagem do homem. Evitando as formas mais intelectuais da linguagem (evitando a linguagem ideal e formal – que são mais difíceis de se entender). Desta forma estamos adentrando no estudo da Teoria da Linguagem. Austin vai entrar na Escola de Oxford – Oxford é uma cidade da Inglaterra perto de Londres.

Austin revoluciona não só a filosofia analítica naquele momento, como questiona os postulados fundamentais da lingüística enquanto ciência autônoma, proporcionando uma gigantesca discussão em torno da Filosofia da Linguagem. Vai, deste modo, questionar fortemente o caminho e a supremacia do positivismo lógico (ou logicismo) nos estudos da linguagem. O caminho aberto por Austin é o fortalecimento do estudo da linguagem ordinária. Procurarei mostrar qual é o papel de Austin neste processo, e quais as conseqüências deste estudo na Filosofia Analítica e suas implicações lingüísticas.

O positivismo lógico surgiu no início do século XX com o Círculo de Viena. Em princípio, o Círculo de Viena, liderado por Moritz Schlick, era um grupo de discussão constituído por Cientistas e Filósofos com o objetivo de criar uma nova Filosofia da Ciência com uma rigorosa demarcação do científico e do não científico. Teve influências de Ernst Mach, Percy Bridgman e Ludwig Wittgenstein, sendo este último autor do Tractatus Logico-Philosophicus, que os membros do Círculo de Viena se inspiraram expressamente neste livro para a construção das suas doutrinas.

A partir de 1929, o positivismo lógico começou a ter reconhecimento internacional e já possuía vários defensores, entre eles estavam Filósofos e Cientistas escandinavos, polacos, britânicos, alemães e norte-americanos. Um grupo que se destacou foi o Círculo de Berlim, liderado por Hans Reichenbach, em resposta à Metafísica hegeliana. O Positivismo Lógico se caracteriza pela rejeição de toda e qualquer Metafísica. Esta corrente defende a ideia da folha em branco (tabula rasa) quando do nosso nascimento. Mantém a distinção entre os fatos observados e as teorias que buscam explicá-los, e emprega o método hipotético-dedutivo com predominância do raciocínio analógico.

O que fez com que Austin ficasse famoso foi a forma como tratou deste assunto que estuda porque só o homem fala. Ele tratou deste assunto de forma inédita, ou seja, nunca foi pensado esta forma de explicar o problema da forma que Austin propôs. Portanto, foi esta originalidade do pensamento que o tornou famoso. Lembrando que toda esta investigação se iniciou com Wittgenstein em seu livro: Investigações Filosóficas. Este Livro foi publicado em 1953. Trata-se de uma obra póstuma porque Wittgenstein faleceu em 29/04/1951.

Austin desenvolvera os conceitos da Teoria da Linguagem. Através da publicação de seu livro: Performativo-Constativo obra publicada originalmente em francês – um dos seus últimos trabalhos. No período do pós-guerra Austin foi considerado o mais importante Filósofo de Oxford (Inglaterra) do período. E Wittgenstein o foi de Cambridge.

Podemos voltar ao passado? Sim. Podemos. É o que estamos fazendo aqui ao ao ler este texto. A História, a Filosofia, a Teologia têm este objetivo. Te levar para o passado. Esta foi a resposta de Austin quando perguntado se havia a possibilidade de voltarmos ao passado! Ele respondeu que sim através da História. Spielberg fez, inclusive o contrário, com o filme de volta para o futuro.

Austin morre com 48 anos em pleno vigor do seu trabalho, fato que incentivou uma divulgação bastante rápida de suas ideias. A repercussão, através da publicação do How to do Things With Words (como expressar o pensamento com palavras – Este livro existe em português), e de alguns dos artigos que compõem o Philosophical Papers (1961), passou a ser feita através de recomposições de anotações de seus alunos e colegas. Deste modo, a complexidade de suas ideias passa a ser acrescida de um outro fator que é o da recomposição de seu pensamento.

Também escreveu: Sense & Sensibilia. Esta obra foi escrita por seus alunos, mas que expressam o pensamento de Austin. Austin escrevera muitas obras. Estes temas propostos e discutidos por Austin navegam nos campos da Linguística e da Filosofia. Austin estudou como a percepção humana age sobre a sensação. Exemplo: qual foi a sua sensação ao entrar pela primeira vez no Maracanã? Você vai procurar na sua linguagem explicar o que sentiu. É este sentimento expresso pela linguagem que Austin está tratando filosoficamente. Observe a diferença de assistir um jogo do Flamengo dentro do Maracanã para a emoção de assisti-lo pelo rádio ou pela televisão. As emoções são diferentes.

Descrevo este tema no nosso jornal porque mais adiante desejo falar sobre psicologia, psicanálise e sobre hipnose. Preciso ir introduzindo meus leitores neste desenvolvimento cultural para que cada vez vocês entendam melhor o objetivo deste meu pronunciamento. Qual seja, divulgar a cultura através da motivação por acúmulo de conhecimentos históricos, filosóficos, teológicos levando o leitor a formar um pensamento holístico a respeito de vários assuntos intelectuais que aproximam o homem da ciência. Por isto que eu termino o meu programa na rádio mimoso FM sempre narrando que enquanto vocês estão em casa eu estou aqui no meu escritório atento aos acontecimentos desta imensa aldeia global que são a vida do povo e a alma da cidade. No intuito de produzir um homem livre neste universo sem fronteiras.

Um exemplo de aplicação do que estamos narando. Vocês acabaram de sair de um processo eleitoral onde votaram num candidato para ser Prefeito de Mimoso. Vocês foram induzidos pela linguagem. Pelo que te disseram a respeito dele. Muitas das vezes vocês não tiveram contato com o candidato para conhecer a sua índole, as suas ideias, o seu caráter. Isto lhes foi passado pela linguagem. Pela amizade, por ouvir dizer a respeito dele, pelas entrevistas. Só que você eleitor não o conhece profundamente. E é exatamente isto que Austin tenta explicar através de seus livros. Como distinguir a verdade da mentira.

Hoje ensinamos aos juízes a arte de perceber quando um indivíduo está mentindo ou dizendo a verdade através da observação de seus gestos, trejeitos, posicionamento das mãos, franzimento da testa, entre outras várias atitudes reveladoras. Inclusive, desenvolvemos o detector de mentiras através da inteligência artificial. Inclusive, este é o assunto de minha tese do Curso de Informática: Reconhecimento de Imagens através das Redes Neurais Artificiais. Analisando os atos da fala, do ilocucionário, do performativo. Descritos pela teoria de Austin e colocados em prática analisando a sua argumentação.

Os Filósofos que estudam a linguagem e seu comportamento são denominados de Filósofos Analíticos. Que trazem a noção de verdade ou de falsidade. Neste caso eu indicaria a leitura do livro Truth (de Austin publicado em 1950) que traduzido para o português significa Verdade. Este livro responde a pergunta: como nós podemos amplamente estar preparados para estender o uso do ‘verdadeiro’ e do ‘falso’ em diferentes sentidos da argumentação. Por isso que seu livro performativo-constativo indica quando a afirmação se pode constatar (afirmada como verdadeira) e quando o indivíduo está criando uma performance (mentindo – não está falando dele está criando uma ficção).

As infelicidades mais específicas do performativo são:
a) nulidade (ou ato sem efeito) quando o autor não está em posição de efetuar a promessa, quando não consegue, formulando seu enunciado, completar o ato pretendido; Batizar sem ser Padre ou Diácono.
b) o abuso da fórmula (falta de sinceridade) quando se diz: eu prometo, por exemplo, sem ter a intenção de realizar a ação prometida;
c) a quebra de compromisso quando se diz eu te desejo boas vindas, por exemplo, tratando no entanto o indivíduo como um estranho.

A política de hoje é a arte de enganar os eleitores. Lauro Lemos, Dr. Lincoln foram assumidades políticas que não venceram as eleições.

Um juri, um julgamento no fórun. É uma peça de teatro onde alguns estão encenando e outros falando a verdade. O corpo de jurado é leigo nesta arte, mas os juízes e os promotores são treinados para perceberem quem está dizendo a verdade e quem está encenando. Um exemplo é a percepção do motorista que ao perceber que aquela criança vai atravessar a rua. Ele se prepara para frear o carro antes da partida da criança. Outro exemplo: É a percepção de um policial que o camarada é contraventor.

Existe uma briga entre a Filosofia e a Linguística por decidir em que disciplina do curso seria discutido este cenário. Ambas disputam por esta vaga. Que é o estudo da subjetividade da linguagem. Benveniste fica do lado da Linguística e Austin se posiciona do lado da Filosofia.