Blog do Dodô

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Coditiano e história

Por Luís Salvador Poldi Guimarães

 Engenheiro civil, professor, palestrante, historiador da cidade de Mimoso do Sul

 

Pestalozzi vida e obra


03/12/2021 09h56 Atualizado em 03/12/2021 09h56
Johann Heinrich Pestalozzi pedagogista suíço e educador pioneiro da reforma educacional – Foto: Reprodução

Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em Zurique na Suíça. A Suíça é um país pequeno localizado ao norte da Itália e possui uma área de 41 mil km² . A capital da Suíça é a cidade de Berna. Cidade das fontes. É um país com quatro idiomas oficiais: romanche, alemão, francês e italiano.


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Ele nasceu em 12/01/1746. E defendeu a doutrina dos naturalistas e tornou-se humanista (sensível e sonhador). Sofreu muita influência de seu professor, em especial, a de Rousseau (suíço, 34 mais velho que Pestalozzi – escreveu o livro denominado de Emílio) Pestalozzi acreditava que o ser humano nasce bom e que o caráter de um homem era formado pelo ambiente que o rodeia – O homem é fruto do meio. Sustentava que era preciso tornar esse ambiente o mais próximo possível das condições naturais, para que o caráter do indivíduo se desenvolvesse ou fosse formado positivamente. Para ele, a transformação da sociedade iria se processar através da educação, que tinha por finalidade o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todas as faculdades e aptidões do ser humano. Viveu o movimento romântico da História.

Para localizar o leitor no tempo (contextualização), no ano que Pestalozzi nasceu (1746) não existia ainda a Fazenda Mimoso. A povoação que existia aqui na nossa região era a Vila da Rainha na foz do Rio Itabapoana que homenajeava a Rainha Carlota Joaquina esposa de dom João VI. Não existia ainda o Porto das Limeiras. Existia Iriri com o nome de Iriritiba. Existia a Capitania vizinha de São Tomé cujo donatário era o Sr. Diogo Corrêa de Sá e Benevides Velasco. Nossa riqueza era o pau-brasil.

O pai de Pestalozzi faleceu quando ele tinha apenas 4 anos de idade. Sua mãe passou por grandes dificuldades para cuidar dos seus três filhos. O que vai torná-lo (Pestalozzi) humanista. Focou a sua educação para os pobres. Ele procura aprimorar suas teorias a partir das práticas, no desejo de desenvolver a educação pública, pois acreditava que a renovação da educação seria a verdadeira questão social. Foi um grande defensor da democratização da educação, influenciando assim os governantes de seu país, fazendo com que esses passassem a se interessar pela educação das crianças menos favorecidas. Pestalozzi afirma que o professor não era apenas um organizador de atividades, mas um sujeito portador de conhecimentos e capaz de conduzir o aluno ao aperfeiçoamento e a autonomia moral.

Para Pestalozzi a Educação era um mecanismo que, conforme o conteúdo de classe, podia ser utilizado para oprimir ou para emancipar o homem. Sua fama se deve aos seus livros. Tanto é que foi intitulado: O Educador da Humanidade. Em 1767 – Final de Janeiro Pestalozzi foi preso por acusar alguns políticos de corrupção.

Em 1770 – Comprou em Argóvia (cidade do norte da Suíça que faz fronteira com a Alemanha) uma fazenda denominada de Neuhof. Fundou aí, nesta Fazenda, a sua primeira escola (sonho de criança). Onde trabalhava com a fiação e a tecelagem do algodão. E colocara as crianças para trabalhar e estudar. A Suíça já possuía, nesta época, uma das melhores educação da Europa. Neste mesmo ano nasce seu filho Jacobli (morreria ainda novo com 31 anos), que lhe deu um neto.

1773 – Pestalozzi (28 anos de idade) funda um orfanato junto a sua escola de Neuhof. Este orfanato não durou muito tempo, fracassou. Só se manteve por 8 anos. E teve de vender sua fazenda denominada de Neuhof. Em 1774, seu filho Jacob, já estava com 4 anos de idade.

Em 1780, a Fazenda, a empresa, o orfanato e a Escola de Neuhof faliram. Depois deste episódio seu filho vai morar com outros parentes devido a crises nervosas que o menino passou a ter. Neste mesmo ano ele publica o famoso livro: Leonard e Gertrudes. Leonardo e Gertrudes em português. Em 1787 seu filho Jacobli volta a morar com Pestalozzi. Em 1789 – Estoura a Revolução Francesa.

Em 1797 Pestalozzi publica um livro intitulado: “Investigações sobre o curso da natureza em desenvolvimento do gênero humano”. Em 1798 quando Napoleão invadiu a cidade de Stans na Suíça e massacrou muita gente, Pestalozzi acolheu as crianças órfãs porque acreditava que a Educação poderia salvá-las. Ele vai para Stans na tentativa de proteger os meninos órfãos e pobres de Stans (uma cidade um pouco mais ao Sul de Argóvia na região central da Suíça).

Para Pestalozzi a mãe era a figura central da Educação do filho. Porque ele acredita que o conhecimento não é adquirido e sim desenvolvido, ou seja o ser humano já nasce com algum conhecimento. Que a natureza do ser humano é se desenvolver (por isso é que ele é naturalista). Em 1805 com 59 anos de idade Pestalozzi funda o famoso internato de Yverdon (na cidade de Yverdon-Les-Bains [cidade do banho – devido as fontes termais sulfúricas – cuja temperatura das águas fica em torno de 29ºC]. Yverdon localiza-se no oeste suíço no extremo sul do lago Neuchâtel. Ensinando desenho, escrita, canto, educação física, modelagem, cartografia e excursões ao ar livre (em contato com a natureza – pensamento naturalista). E este internato ganhou notoriedade internacional. Esta cidade é uma das mais antigas da Suíça. Este internato existiu até 1825 (por 20 anos).

As religiões muito influenciaram as suas ideias através da educação espiritual. Sua didática era que o lar era a melhor escola para edificar o homem (lado humanista). Em 1781 (35 anos de idade) escreveu um romance intitulado: "Leonardo e Gertrude", muito divulgado, onde expunha suas ideias de reforma social e política. O livro conta a história de Gertrudes, uma mulher generosa, dotada de bondade e inteligência infinitas. Sua dedicação aos filhos era tamanha que, além de tirar seu marido Leonardo do vício da embriaguez, conseguiu influenciar os habitantes da aldeia onde morava: fez com que todos aplicassem seus métodos em benefício da população, alcançando o bem estar social tão almejado por Pestalozzi, que acreditava plenamente ser possível realizá-lo na prática, o conteúdo de sua obra. Johann Heinrich Pestalozzi casou-se com Anna Schultz (oito anos mais velha que ele), companheira amiga e fiel, que lhe deu o filho Jacobli, falecido ainda jovem. Jacobli, porém, deixou-lhe o neto Gottlieb, que permaneceu ao lado do avô até os últimos dias deste, quando, acometido de grave doença, veio a desencarnar ou falecer em 17 de fevereiro de 1827 com 81 anos de idade.

Em 1797 Pestalozzi publica Investigações. Onde ele afirma que o homem deve agir. Em 1798 – a Suíça entra num estado de muitos transtornos políticos. Em Janeiro de 1799 Pestalozzi vai então para a cidade de Stans. Em 1801 Pestalozzi publica outro livro: Comment Gertrude instruit ses enfants [francês]. (Como Gertrude instrui seus filhos).

01/01/1805 Pestalozzi vai para Yverdon e inaugura uma escola no Palácio. Aqui inicia a sua fama e este colégio ficará famoso no mundo. Pessoas de todas as partes foram observar este novo fenômeno pedagógico e aprendizes de professor foram em ondas (os prussianos, os franceses, os ingleses) para serem treinados no método Pestalozzi. Este era o seu terceiro Instituto criado. O Castelo de Yverdon é o ponto turista mais visitado da Suíça.

Através do Método Pestalozzi de Ensino: A liberdade autônoma – Conhecer a natureza humana. Verdade e Amor eram as bases do seu método. Até hoje aperfeiçoado. Sala de Aula invertida, o Estudo de Caso. Trabalhando em três dimensões: cabeça, coração e mão.

Hoje estamos fazendo um jardim sensorial na Pestalozzi de Mimoso. Visitem-nos para conhecer. Trata-se de uma obra onde as crianças vão trabalhar todos os órgãos dos sentidos. O jardim possui um sitema sonoro que imita os sons de uma floresta. Com pássaros cantando, odores produzidos por plantas detalhadamente escolhidas para produzir essências especiais.

Pestalozzi e os órfãos de Stans – Foto: Reprodução

Em 711 Mataram o rei Rodrigo. E a guerra se transformou numa guerra civil na Hispânia. Esta Batalha, Batalha de Guadalete foi travada em campo aberto. Longe da cidade. Depois desta Batalha o período da história que se seguiu foi denominado de Alta Idade Média. Vivia-se uma monarquia teocrática em que o rei era o representante de Deus.

Em 1825 já com 79 anos de idade o internato Yverdon foi fechado. Lá existe um Castelo medieval construído para Pedro II – conde de Sabóia durante o século XIII onde existe um museu. Ao lado do Castelo está a praça Pestalozzi onde existe um Templo construído no século XVIII.

Alan Kardec (nasceu em 1804) estudou na cidade Yverdon. E foi portanto, contemporâneo e aluno de Pestalozzi. O ensino em Yverdon era essencialmente heurístico, isto é, o aluno é conduzido a descobrir por si mesmo, tanto quanto possível por seu esforço pessoal, as coisas que estão ao alcance de sua inteligência, em vez de elas lhe serem ministradas dogmaticamente pelo método catequético.


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Pestalozzi não acredita na tabula rasa. Ou seja que o conhecimento é adquirido depois. E sim que já nascemos com algum conhecimento (conhecimento a priori de Emmanuel Kant). Devido a crença em vidas passadas. Esta concepção da relação ensino-aprendizagem baseada no savoir-faire (saber & fazer) é a inspiração longínqua de algumas das mais modernas teorias educacionais contemporâneas. Em Pestalozzi já vemos as sementes do construtivismo social de Vigotsky, da contribuição de Maria Montessori para a educação infantil e mesmo de propostas tão recentes que ainda não foram absorvidas pela comunidade acadêmica, como a sala de aula invertida (flipped classroom), que continua enfrentando resistência dos professores mais conservadores.

Para Pestalozzi, o fim último da educação estava relacionado ao desenvolvimento moral. O objetivo era contribuir para a formação de seres humanos plenos, com autonomia intelectual para compreender o mundo e a capacidade de utilizar a razão (racionalista) para realizar escolhas fundamentadas na ética das relações e no bem estar coletivo. Esses conceitos calaram fundo na mente de Rivail (Alan Kardec) e mais tarde tiveram forte influência na elaboração dos postulados do Espiritismo. Não é difícil ver a influência de Pestalozzi no conceito de fé raciocinada, assim como na rejeição de qualquer dogma religioso que não pudesse sustentar-se quando submetido ao crivo da razão. A aprendizagem pela troca e pelo compartilhamento de experiências também tem o DNA do mestre de Yverdon (Pestalozzi), e está presente hoje em iniciativas como o projeto Acolher & Despertar, do Centro Espírita que aqui de Mimoso segue o lema de Páscoa de Jesus.

Pestalozzi formou-se em Teologia e Direito. Mas, trabalhou como agricultor. Só depois ele viria a ser Educador em Burgdolf (1799). Depois daqui é que ele vai para Yverdon. Pestalozzi também era colunista do Jornal folha suíça (dizendo em português evitando o francês) – La feuille Suisse, na cidade de Baden, 1782. Seu túmulo está localizado ao lado da Escola de Birr. Seu corpo enterrado e sobre o túmulo estão plantadas roseiras. Por isso o símbolo da Pestalozzi de Mimoso do Sul é a rosa.

Mais que dar às crianças a ilusão de uma democracia imediata, como havia ocorrido no Neuhof, Pestalozzi, a partir de Stans e através do relato que nos deixou de sua breve experiência, se esforçará por construir uma humanidade social o mais próxima possível do desejo de cada um e no interesse de todos, mas que deve superar-se continuamente na ação: pobres entre os pobres, as crianças de Stans sofreram mais privações ainda por acolherem outros pobres. Seu último livro intitulado Canto do Cysne foi publicado em 1826. Pestalozzi morreu em 17/02/1827



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