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Por
Luís Salvador - Dodô
Dodô é professor, palestrante, historiador da cidade de Mimoso do Sul
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Independência do México
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30/08/2021 15h01 Atualizado em 30/08/2021 15h01 |
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Padre Hidalgo já estava morando em Valladolis desde 1765 e estava agora com 12 anos de idade. E no ano de 1767 com a expulsão dos jesuítas da Nova Espanha – Região da América do Norte e Central passando pelo México até a Costa Rica. Criando um vazio espiritual e intelectual por toda a região da Nova Espanha (1535 – 1821). Poderemos até extrapolar este evento como comandado pelas mãos de Deus que se configurou como uma Guerra Santa à semelhança com o Apocalipse. Na idealização de se alcançar um Estado Nacional numa tentativa de continuarem a ser indígenas. Não eram um exército, eles, na verdade, faziam parte de uma procissão de católicos vinculados a um lugar comum: A Igreja.
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Em 1778, com 25 anos de idade Hidalgo é ordenado padre. Em, 1792 com 39 anos de idade torna-se reitor do colégio de San Nicolás. Entre os anos de 1804 e 1806 a Colônia Nova Espanha passava por uma grande dificuldade financeira. Devido aos novos impostos cobrados pelos colonizadores espanhóis (vice-rei) a partir das reformas bourbônicas. Para agravar, o período contava com secas, colheitas perdidas e aumento dos preços dos grãos. Principalmente, no centro do vice-reinado (México). O Exército Oficial executava os índios, açoitava-os, prendia e os condenava a trabalhos forçados. Ao movimento de reação se juntaram os cablocos e mestiços. Eles reagiram contra o vice-rei. Com o fracasso de Pedro de Garibay o vice-rei Venegas passou a organizou a defesa.
”Eu gostaria que estes sentimentos de nacionalismo, narrados pela História, ficassem guardados no imaginário dos meus leitores”. Como um fato de maior importância, até porque, vários líderes (mártires) deram a vida por nós. Lutaram pela igualdade e contra a exploração dos mais fracos. Por isto é que se deve comemorar e rememorar as independências mundiais que tanto contribuíram para que a vida do Planeta se tornasse melhor. Fruto das manifestações ferventes das ideologias populares.
Nossa história recomeça agora em 1808 quando Napoleão Bonaparte invade a Espanha e captura o rei Fernando VII e coloca a Espanha sob o domínio da França deixando, portanto, o império espanhol acéfalo. Nesta época a Cidade do México era a capital do vice-reinado denominado Nova Espanha. O nome deste vice-rei era José de Iturrigaray. O que mais se comentava na imprensa era o desaparecimento do rei espanhol. E criaram um grupo denominado de Grupo de Cádiz. Cádiz é uma cidade do sul da Espanha na fronteira com o Estreito de Gilbratar onde nascera José de Iturrigaray. Já dissemos que Napoleão Bonaparte queria dominar o mundo. Inclusive o Brasil que foi alertado pelo Conde de Linhares.
Em Portugal a família real teve que fugir para o Brasil sob cuidado da Inglaterra. Na Espanha, Napoleão forçou a abdicação do rei Carlos IV colocando no seu lugar o seu filho (filho de Carlos IV) Fernando VII. Depois provocou a substituição do vice-rei da Nova Espanha: sai então José Iturrigaray e entra o vice-rei Lizana como vice-rei da Nova Espanha. Foi durante a vigência deste último mandato que os criolos na cidade de Valladolid atual Morelia (Cuidado! Não se trata da Valladolid de hoje que fica em Yucatán - entrada do Golfo do México trata-se da região central do México) promovem a primeira conspiração para a Independência da Nova Espanha.
A livre imprensa só foi estabelecida em 10 de Setembro de 1810, mas só vingou por dois meses. A Revolução teve início em 16 de Setembro de 1810 contra o vice-rei Venegas. A Revolução a favor da Independência do México iniciou-se 21 anos depois da Revolução Francesa. O interessante é que este movimento teve como protagonista a classe mais pobre do México. Iniciado através do episódio conhecido como: Grito de Dolores (cidade perto de onde nascera o padre Hidalgo, mais ao sul).
Em dezembro de 1810 os revoltados planejaram continuar com a Revolução sob liderança de Dom Inácio Allende. Esta Revolução acabou por ser descoberta e seus líderes acabaram presos. Os revoltados pediram a ajuda do padre Miguel Hidalgo y Costilla (foi padre na cidade de Dolores – México e recebeu o título de generalíssimo pelos índios) e durante a missa de domingo o sermão do padre foi criar um plano para a insurreição no sentido de conseguir a independência do México. A ideia teve êxito e os fieis (indígenas, mestiços, cablocos) se preparavam para a guerra. Guerra de independência contra o vice-rei da Nova Espanha. A Nova Espanha, na verdade trata-se de império até porque tinha um território de16 milhões de km² para comparar a área brasileira é de 8 milhões de km².
Uma sociedade secreta é então instalada (1810 – 1814) e denominada de Los Guadalupes (profissionais liberais) que financiaram a imprensa e os armamentos dos índios. Seus gritos de guerra eram: “Viva Fernando VII, viva a Religião, viva a Virgem de Guadalupe, Morram os Guachupins (classe rica do México que defendiam o vice-rei).
O padre Miguel Hidalgo era professor e foi reitor na cidade onde nascera (Guanahuato) e falava três línguas indígenas: nahuatl, otomi e o tarasco, além de latim, francês e italiano. Em sua bandeira usada na luta contra a independência portava a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Seu amigo o capitão Ignácio Allende (liderava o Exército da nova Espanha) e várias outras personalidades importantes. E criaram um exército de amadores, sem treinamento militar e mal armados (pistolas, espadas, lanças, arcos e flechas e pedras).
Outro ato de insurgência fora marcada para Setembro. O movimento se iniciou na cidade de San Juan del Rio (28 de setembro de 1810). Tomaram Guanajuato (a luta era contra os brancos e proprietários de terras = guerra racial). Os jornais mais importantes eram o Diário de México e Gazeta de México.
O padre José María Morelos y Pavón era o líder das publicações clandestinas. Continuou a luta junto com Ignácio Lopes Rayón. Daí a guerra separatista tornou-se uma guerra civil. E 12 dias depois de iniciar a marcha da independência já estavam em Guanajuato. A caminhada direcionou-se na direção Noroeste (cidade mais rica da Nova Espanha).
O intendente buscou ajuda nos gachupins (ricos leais ao intendente – [Realistas]). Mas, os índios e mestiços [autonomistas] (classe pobre), criollos (classe média) invadiram e saquearam a cidade. E o padre Miguel Hidalgo conclamou a população a não pagar os impostos. E a todo o momento novo levantes iam surgindo. E as propriedades dos estrangeiros espanhóis sofriam com os saques.
A Igreja Católica em momento algum apoiara a ideologia de Independência. Dizem que o movimento (exército dos índios) chegou a aderir 85 mil pessoas. E assim eles iam caminhando e prendendo os espanhóis. Até que em 30 de outubro de 1810 os insurgentes conseguiram vencer outra grande batalha em Monte de Las Cruces (Estado de Guanajuato).
Em 29 de novembro de 1810 o padre Hidalgo decretou o fim da escravidão e o fim do tributo indígena. E em 05 de dezembro mandou executar os espanhóis prisioneiros. Toda imprensa ainda passava pelo crivo do Conselho das Índias. E o padre insurgente Padre Miguel Hidalgo conseguiu publicar o primeiro jornal intitulado: El Despertador Americano em 20/12/1810 em Guadalajara. Que foi continuado por Maldonado.
Virando o ano no dia 17 de Janeiro de 1811 os infiéis enfrentaram o exército espanhol na Batalha de Puente de Calderón. E o exército espanhol conseguiu se impor e acabou por prender os padres Miguel Hidalgo e o Padre Pedro Allende. O padre Pedro Allende foi executado no dia 26 de junho de 1811 por fuzilamento. E o padre Hidalgo em 30 de julho de 1811. Colocando sua cabeça como troféu.
O padre Miguel Hidalgo desobedecera a Religião, foi excomungado, sofrera sérias acusações, mas manteve-se firme até o dia de sua execução. Conseguiu a abolição das castas e distribuiu as terras mexicanas aos indígenas. Nossa história não termina aqui! Novos padres aderiram a continuação da busca pela independência.
Os levantes não foram contidos e novos levante se seguiam exigindo a Independência do México. Liderados ainda por padres, neste o padre Mariano Matamoros. Conseguiu-se manter por dois meses como líder desta Revolução.
A constituição mexicana de 1812 extinguiu o cargo de vice-rei. Com o padre Morelos sendo aclamado como Siervo de La Nación este se posicionou contra os insurgentes e em 05 de Novembro de 1815 o padre Morelos foi capturado e levado ao Tribunal da Inquisição onde foi condenado e também fuzilado. Nesse ínterim após 6 anos de guerra civil instalado no México o povoado continuava insatisfeitos com o estado de miséria em que se encontravam os índios.
Em 1820 Fernando VII é libertado. E padre Hidalgo é tido e comemorado como símbolo da luta contra a opressão (homenagem póstuma). Outro ponto importante para se destacar foi o uso da imagem da Virgem de Guadalupe estampada na bandeira como um elemento forte da mediação entre Religião e Consciência Política. Duas fés que se somaram: a religiosa com a fé nacionalista. Numa aproximação do mundo místico indígena com o cristianismo formando um espírito milenarista.
Calleha torna-se vice-rei da Nova Espanha. Depois será substituído por Dom Juan Ruiz de Apodaca. E em 1820, ocorreu uma revolução só que agora lá na Espanha. Um grande número de homens da Força Expedicionária se rebelou contra o governo tirano de Fernando VII, e o fez retomar a Constituição instituída pelas Cortes em 1812, e durante três anos, o rei foi obrigado a governar de forma mais moderada, com os freios da Constituição.
Com o Tratado de Córdoba, Agustín Iturbe é proclamado imperador (24/02/1821). Em 24 de agosto a independência do México torna-se iminente. E em 6 de Dezembro de 1821 (11 anos de lutas) o México declara sua independência. No discurso de abertura do Congresso de Chipalcingo, e Nueva España passa a ser chamada de República dos Estados unidos Mexicano. Expulsando o vice-rei, da época, Alpodaca. E o Grito de Dolores foi conquistado!
Para os que amam a história aconselho a assistir o filme: Hidalgo – La Histoira jamás contada. E não se pode deixar de conhecer a biografia do maior líder dessa Revolução: Padre Hidalgo. Ele foi batizado em Cuitzeo de los Naranjos em 16 de Maio de 1753. Teve três irmãos. Na sua juventude organizou uma banda de música, representou em algumas obras de teatro e era conhecido entre os seus amigos por Zorro (Raposa), pela sua perspicácia.
Teve cinco filhos: Agustina, Mariano Lino, María Josefa, Micaela e Joaquín. Na cerimônia de desabilitação eclesiástica, a Inquisição cortou-lhe as pontas dos dedos e a superfície das mãos. No dia da sua execução pediu para não ser vendado e para não ser fuzilado pelas costas (como era costume fuzilar os traidores). Pediu que disparassem sobre a sua mão direita que colocou sobre o coração. Foram necessárias duas sequências de disparos e um tiro de misericórdia para acabar com a sua vida, após o que um comandante tarahumara de apelido Salcedo, cortou-lhe a cabeça com um só golpe de facão (machete em espanhol), recebendo por isso uma gratificação de vinte pesos.
Os seus restos mortais foram trasladados para a capital com todas as honras, após a instauração da Primeira República em 1824. Encontram-se atualmente depositados na célebre Coluna da Independência. O sino da Catedral da Paróquia de Dolores foi retirado e colocado na varanda central do Palácio do Governo mexicano. E é tocado nos dias 27 de setembro de cada ano em comemoração a independência do México.
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