BLOG DO DODÔ

COTIDIANO E HISTÓRIA

 
 Por Luís Salvador - Dodô

 Dodô é professor, palestrante, historiador da cidade de Mimoso do Sul

 

Janis Joplin da infância à eternidade



09/08/2021 22h45 Atualizado em 09/08/2021 22h45



Uma das grandes cantoras e intérpretes dos anos 60, Janis Lyn Joplin nasceu em 19/01/1943, em Port Arthur, no Texas (EUA). Ela saiu de casa aos 17 anos (1960) e começou a cantar em Austin, dentro do próprio Texas, e depois seguiu na direção oeste para Los Angeles. Em 1666 com 23 anos de idade ela entra na banda Big Brother and the Holding Company, de São Francisco - Califórnia e rapidamente alcança fama por conta de sua performance poderosa e apaixonada como cantora de blues. O álbum Cheap Thrills (lançado em 1968 ela ainda com 25 anos de idade) contém algumas de suas gravações mais conhecidas. Mas tarde ela deixa a banda, e como cantora solo continuou a cantar sucessos, incluindo Me and Bobby McGee.


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Iniciou sua carreira como cantora na Igreja. Participava do coral da Igreja. Cursou o primário e o Ensino Secundário na Jefferson High School, em Port Arthur, formando-se no ano de 1960. Entrou na Universidade do Texas e foi cursar Artes Visuais ainda na cidade de Austin - Texas. Morou numa República de meninas. E seus colegas de classe levaram-na para cantar karaokê num Pub. Foi muito aplaudida e estava sempre cantando com os amigos Blues e Folk nos bares da região.

Num concurso onde pretendiam eleger o calouro mais feio da Faculdade. Seus amigos, por sacanagem, votaram nela. E ela acabou por vencer o concurso como o calouro mais feio da Universidade. Uma brincadeira que não levou a bons resultados. Como era gordinha e possuía muitas espinhas no rosto, ela conta que sofrera muito bullying na Escola. Era tida como muito tímida pelos amigos. Na juventude sofrera de depressão e bulimia. E tudo isto a levou a consumir anfetaminas, maconha, álcool e cigarros.

Não conseguiu se formar em Artes Visuais e abandonou os estudos! Em 1963 mudou-se do Texas para San Francisco - Califórnia. Morava sozinha num apartamento alugado num bairro de North Beach na Entrada da Baía de São Francisco. Trabalhava como cantora. Mas, avançou nas drogas injetáveis passando a consumir cocaína, LSD e Heroína. Somada à bebidas alcoólicas.



Suas bebidas preferidas eram o Southern Comfort, na verdade um licor e também gostava de uísque. Tornou-se bissexual e em 1968 engravidou, mas abortara a criança numa clínica clandestina em Tijuana no México.

Retornara depois do aborto no mesmo dia para os EEUU. Passou mal por três dias seguidos. Chegando a desmaiar no camarim quando se preparava para um show. Acordou e percebeu uma hemorragia. Ficou internada por três semanas passando por um processo de curetagem médica. Como o crime foi praticado em outro país ela pagou uma fiança enorme para não ficar presa nos EEUU. Ficando um mês de repouso e sendo cuidada pelos amigos!

Arrependida por ter provocado o aborto que piorou ainda mais o seu quadro depressivo. A levando a várias tentativas de suicídio. Nesta época, seu interesse por cantar blues a aproximou do grupo Big Brother & The Holding Company, que estava ganhando algum destaque entre a nascente comunidade hippie em Haight-Ashbury local onde nasceu o paz e amor a moda Hyppie – contra cultura; Jimmy Hendrix também morou neste lugar.

A banda assinou um contrato com o selo independente Mainstream Records e gravou um álbum em 1967. Entretanto, a falta de sucesso de seus primeiros singles fez com que o álbum fosse retido até seu sucesso posterior. O auge da banda foi a sua participação no Festival Pop de Monterey, com uma versão da canção "Ball and Chain" e os marcantes vocais de Janis. O álbum seguinte da banda, Cheap Thrills, de 1968, fez a fama de Janis: foi seu álbum de maior sucesso. Continha a canção Piece of my heart, que atingiu o 1º lugar nas paradas da revista Billboard e se manteve na posição durante oito semanas não consecutivas.

Janis Joplin esteve no Brasil em fevereiro de 1970, para participar do carnaval, e também na tentativa de se internar em uma clínica e se livrar do vício das drogas. Ela estava de férias, e foi acompanhada por sua amiga, a estilista Linda Gravenites, que havia desenhado seus figurinos de 1967 a 1969. Joplin ficou por dez dias em uma clínica, tendo diminuído consideravelmente seu uso de drogas. Na praia, ela foi cortejada por um turista norte-americano chamado David George Niehaus, que estava viajando a passeio no Rio de Janeiro. A biografia de Joplin, escrita por sua irmã Laura disse que: "David era um garoto de classe média alta de Cincinnati, que havia estudado comunicação em Notre Dame. Ele tinha se juntado ao corpo de paz após a faculdade e trabalhou em uma pequena aldeia na Turquia. Ele havia tentado a faculdade de Direito, mas quando conheceu Janis ele estava dando um tempo.

Os membros originais da banda Big Brother and the Holding Company, foram Sam Andrew (guitarra base), James Gurley (guitarra rítmica), Peter Albin (baixo) e Chuck Jones (bateria), substituído por Dave Getz em 1966. A popularidade do grupo aumentou com a adição, em junho de 1966, da vocalista Janis Joplin. Ela foi recrutada pelo empresário da banda na época, Chet Helms, que vivera em Autin e depois no Texas, onde Joplin estudou.

No fim de 1968, a vocalista deixou o Big Brother junto com Sam Andrew para formar um novo grupo, o Kozmic Blues Band. A última encarnação da banda data de 1987, que desde então excursiona com praticamente todos os membros originais, incluindo Sam Andrew, Peter Albin, Dave Getz, e James Gurley (substituído na guitarra em 1997 por Tom Finch).

Niehaus e Joplin foram fotografados pela imprensa no Carnaval do Rio de Janeiro. Janis e David namoraram por dois meses. Eles viajaram por todo o Brasil juntos. Neste período Janis estava sofrendo de insuficiência respiratória e insônia, pois havia largado todas as drogas. Já vinha tentando parar há alguns meses, sem muito sucesso, decidindo largá-las, pois queria casar com este novo amor. De volta a Los Angeles em março daquele ano, ambos continuaram o relacionamento. Após dois meses juntos, Janis, em um show para grande público realizado em San Francisco, teve uma recaída no uso de drogas, ficando muito agressiva. A relação de ambos terminou de forma violenta, quando Janis, com ciúmes possessivo, quebrou uma garrafa de vodka na cabeça de David, que sofreu cortes nas mãos, ao tentar se proteger. Ele decidiu terminar de vez a relação, e viajar o mundo. Janis teve uma grande crise depressiva, cortando os pulsos. Após sair do hospital, intensificou o uso de drogas, e compôs um de seus maiores sucessos: Maybe, uma das músicas que a consagrou mundialmente. Tentando se livrar do vício, voltou a frequentar psicoterapia por alguns meses, diminuindo um pouco suas doses diárias de uso, mas desistiu da terapia um mês antes de sua morte.

Janis estava no auge do seu sucesso, com uma carreira em ascensão. Apesar das polêmicas com a troca das bandas musicais, mantinha-se no topo das paradas de sucesso. Janis havia retomado há poucas semanas seu relacionamento com David, onde decidiram ficar noivos e morar juntos na casa dela. O relacionamento ficou abalado em abril, quando ele descobriu que ela havia voltado a injetar heroína após um mês sem uso, mas a relação terminou de vez em maio de 1970, quando ele a flagrou traindo-o com a ex-namorada dela, Cassandra. Arrependida, Janis pediu para ele a perdoar, mas ele não quis. Abalada e sentindo-se sozinha, ela entrou em profunda depressão, mas decidiu não ceder aos seus vícios. Separou-se de Cassandra, que também era usuária de heroína. Queria evitar contato com ela para não recair no vício. Voltou a fazer acompanhamento psicoterápico e se sentia bem. Passou a cuidar-se com psiquiatras e a tomar o medicamento metadona para ficar livre da dependência em heroína, a droga que utilizou por mais tempo e em maior quantidade.

Em tratamento, a artista ficou sem usar drogas de maio até três semanas antes da data de seu falecimento. Neste período de cinco meses, apenas fumava cigarros e bebia moderadamente. Nesta época não quis manter nenhum compromisso sério. Estava focada em sua carreira. Ela manteve relacionamentos eventuais com atores e cantores da época, dentre eles com o astro Jimi Hendrix, também morto naquele ano.

No dia 3 de outubro de 1970, Janis visitou o estúdio Sunset Sound Recorders, em Los Angeles, na Califórnia, para ouvir o instrumental da canção de Nick Gravenite, Buried Alive in the Blues. A gravação dos vocais de Janis estava agendada para o dia seguinte. À noite, foi para o hotel, onde bebeu muito e teve uma recaída no uso de heroína.



No dia das gravações, 4 de outubro, não apareceu no estúdio. Após dezoito horas de seu desaparecimento, John Cooke, empresário da banda, foi até o hotel, arrombou a porta do quarto, onde a encontrou morta, vítima de overdose de heroína e álcool. Janis estava caída aos pés da cama, com a boca sangrando, pois antes da queda ao chão, havia batido na cômoda. O laudo cadavérico confirmou que a posição de seu falecimento contribuiu para a morte iminente, o que é chamado de asfixia postural, impedindo rapidamente do oxigênio chegar ao cérebro. Na autópsia, descobriu-se que a cantora estava há um mês sem tomar metadona, o que contribuiu para seu retorno ao vício, e que a heroína por ela consumida possuía índice de pureza acima do normal, que em pequenas doses atinge rapidamente o cérebro. Esta pureza anormal deflagra um erro acidental na hora de preparar a substância para ser vendida.

O laudo médico concluiu morte por overdose, e que haviam marcas de agulha no braço esquerdo em processo de cicatrização, sugerindo que ela vinha utilizando heroína há pelo menos três semanas. Seu corpo foi cremado e as cinzas foram espalhadas no Oceano Pacífico. Deixou três mil dólares em seu testamento, onde pedia para seus amigos darem uma grande festa no dia de sua morte, não querendo vê-los triste, os mesmos fizeram, e o evento saiu na imprensa mundial.

Janis Joplin morre um pouco mais de um mês da morte de Jimi Hendrix. Através de seu diário foi que conseguimos compor este texto. Janis Joplin viveu apenas 27 anos. Deixou muitas saudades que a eternizaram até hoje! Descanse em paz Janis!






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