BLOG DO DODÔ

COTIDIANO E HISTÓRIA

 
 Por Luís Salvador - Dodô

 Dodô é professor, palestrante, historiador da cidade de Mimoso do Sul

 

Baruch Spinoza



29/06/2021 20h13 Atualizado em 29/06/2021 20h13



Baruch de Espinosa nasceu em 24 de Novembro de 1632 em Amsterdã - foi um filósofo holandês (seus pais foram perseguidos em Portugal). A Holanda é um país do norte da Europa banhado pelo Canal da Mancha e pelo Mar do Norte. É considerado um dos pensadores da linha racionalista, da qual faziam parte os filósofos Leibniz e René Descartes. Descendente de judeus aprendeu a língua hebraica na nova escola judaica.


Continue lendo após a publicidade

Viveu numa época em que a Holanda vivia um grande crescimento econômico. Porém, suas ideias eram consideradas nocivas pelos teólogos e religiosos. Foi, inclusive, acusado de blasfemador e afastado da Sinagoga de Amsterdã, sendo deserdado pela família (24 anos de idade). Foi excomungado pela comunidade judaica holandesa em 27/07/1656. Para sobreviver, teve que trabalhar como polidor de lentes para lunetas.

Desenvolveu um pensamento de imanência contrário ao sentido de transcendência. Para Spinoza você não foi criado por Deus, você é parte deste Deus. Deus é tudo que acontece no Universo inclusive está presente e ciente das coisas ruins também. O dogmatismo pode ser visto como uma intolerância no pensamento deste filósofo.

Em 1670, com 28 anos de idade, mudou-se para a cidade da Haia, e escreveu suas principais obras. Foi convidado a lecionar na Universidade de Heidelberg (Alemanha), recusou porque teria de acatar as normas ideológicas da universidade e seria impossível continuar com a sua obra de forma independente. Uma vez que as reações públicas ao seu Tratado Teológico-Político (1º livro) não lhe eram favoráveis, absteve-se de publicar seus trabalhos. Seu livro denominado de: A Ética foi publicada após sua morte, intitulado “Opera Postuma” e foi editada e custeada por seus amigos.

Espinosa defendeu que Deus e a Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. Ele afirmou que Deus sive Natura ("Deus ou Natureza" em latim) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (sob o conceito atual de matéria) e o pensamento eram apenas dois conhecidos por nós.

A sua visão da natureza da realidade, então, fez tratar os mundos físicos e mentais como dois mundos diferentes ou submundos paralelos que nem se sobrepõem nem interagem, mas coexistem em uma coisa só que é a substância. Esta formulação é uma solução, muitas vezes, considerada um tipo de panteísmo e de monismo, porém não por Espinosa, que era um racionalista e, por extensão, se teria um acompanhamento intelectual do Universo, como define ele em seu conceito de “Amor Intelectual de Deus”.

A filosofia de Espinosa tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos estóicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser ultrapassada apenas por uma emoção maior. A distinção crucial era, para ele, entre as emoções ativas e passivas, sendo as primeiras aquelas que são compreendidas racionalmente e as outras as que não o são.

A grande inovação da ética de Espinoza foi que, nela, a razão não se opõe aos afetos, pelo contrário, a própria razão é um afeto, um desejo de encontrar ou criar as oportunidades de alegria na vida e de evitar ou desfazer ao máximo as circunstâncias que causam tristeza, mas o próprio desejo-razão (do mesmo modo que os outros tipos de afetos) não depende da vontade livre, mas de afecções que fogem ao controle do indivíduo porque são modos da substância única infinita, que não tem finalidade nem providência. Em diversas obras, Espinoza diz que é nocivo (diminui nossa potência de agir e de pensar) ridicularizar ou reprovar alguém dominado pelas paixões, porque isso não depende da livre decisão da mente. O único modo do homem que se guia pela razão ajudar os outros é, nas palavras de Espinoza: Não rir nem chorar, mas compreender.

Morreu em um domingo, 21 de fevereiro de 1677, aos 44 anos, vitimado pela tuberculose. Morava então com a família Van den Spyck, na cidade de Haia. A família havia ido à igreja e o deixara com o amigo doutor Meyer. Ao voltarem, encontraram-no morto. Encontra-se sepultado no pátio da Nieuwe Kerk (em holandês), (Nova Igreja, em português) em Haia, nos Países Baixos.

Esta igreja (parece amaldiçoada) sofreu danos pelos incêndios da cidade em 1421 e 1452 e queimou quase na sua totalidade em 1645, depois do que foi reconstruída em estilo Gótico. Morreu desconhecido, desacreditado e muito pobre. Quem bancou seu enterro foi René descartes. A exemplo de Van Ghogi.

Mas depois a Alemanha o descobriu e republicou as suas obras. A partir daí Spinoza tornou-se conhecido e muito estudado. Hoje é uma personalidade muito estudada tanto por Filósofos como por Teólogos. E imortalizado pelas Academias de Letras mundiais.






Norway