BLOG DO DODÔ

COTIDIANO E HISTÓRIA

 
 Por Luís Salvador - Dodô

 Dodô é professor, palestrante, historiador da cidade de Mimoso do Sul

 

A Revolta da Chibata



02/04/2021 07h20 Atualizado em 02/04/2021 07h20



Foi um acontecimento que mobilizou a Marinha do Brasil. Ocorreu na cidade do Rio de Janeiro com duração de cinco dias (22 a 27 de Novembro do ano de 1910). Trata-se de uma Revolta de Trabalhadores por melhores condições de vida. O Presidente do Brasil da época era o Sr. Hermes da Fonseca. Para contextualizar o leitor neste ano instalava-se o primeiro banco em Vitória, o The London & River Plate Bank Limited, era um banco inglês que iniciou sua operação a 28 de janeiro de 1910, no prédio da Rua da Alfândega, n° 6, no centro de Vitória. A Prefeitura isentou-o do pagamento de impostos municipais por dois anos. O prefeito de Vitória, na época, era o Paes Barreto. Quem nascia em Mimoso neste ano era a Dona Margarida Motta (2ª filha do casal Motta, 07/03).

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Cito estes eventos federais, estaduais e municipais para que o leitor se posicione no tempo (contextualizar). Também terminava a ligação de trem entre Cachoeiro e Vitória, quando foram inauguradas as estações de Engano, Guiomar, Vargem Alta e Soturno. Nesta época também estavam aterrando o Parque Moscoso (15/08 - início das obras).

Os trabalhadores da marinha, em sua grande maioria, eram os escravos alforriados. Claro, sob fortes treinamentos e baixos salários. Como o próprio texto já diz, dentro dos navios o castigo imposto eram as chibatadas. E quando subiam os salários, só os salários dos comandantes é que eram elevados, o salário dos marujos ficavam estabilizados.

Nesta época os encouraçados de destaque no Brasil eram o Minas Gerais e o São Paulo. E no dia 22/11/1910 os marujos do encouraçado Minas Gerais se rebelaram. Tudo porque exageraram no castigo ao marujo Marcelino Rodrigues Menezes que agrediu um comandante oficial de alta patente. Quando o normal do castigo eram 25 chibatadas, este marujo foi condenado a 250 chibatadas que o levaram ao desmaio.

Um dos marujos denominado de João Cândido Felisberto se rebelou com o acontecimento e assassinou o tal comandante e mais dois oficiais subalternos deste comandante. Daí o encouraçado São Paulo se uniu ao Minas Gerais. No outro dia os navios de guerra Deodoro e Bahia se uniram à causa do marujo.

O presidente do Brasil o Marechal Hermes da Fonseca acabara de assumir a presidência e já estava com este problema por resolver. E para complicar os navios lançaram tiros de canhão contra a cidade do Rio de Janeiro. E no dia 26 de novembro o Presidente do Brasil acatou as reivindicações dos marujos e a peleja se encerrou com a prisão dos líderes da revolta presos e levados para a Ilha das Cobras - RJ, base da Marinha do Brasil - Sede do Batalhão Naval.

Como saldo, o conflito deixou mais de duzentos mortos e feridos entre os amotinados, dos quais cerca de dois mil foram expulsos após a revolta. Na porção legalista, morreram cerca de doze pessoas, entre oficiais e marinheiros. Para terminar, quanto ao líder, João Cândido, após sobreviver à prisão e ter sido inocentado, ele foi considerado desequilibrado e louco e foi conduzido e internado num hospício. Por sua audácia, a imprensa da época o chamou de Almirante Negro.

João Bosco e Aldir Blanc, diante deste acontecimento, compuseram a música: O Mestre Sala dos Mares que explodiu de sucesso na voz de Elis Regina, demonstrando que música também é cultura. Claro, que esta letra foi censurada.

Ele, João Cândido, foi absolvido das acusações de conspiração em 1º de dezembro de 1912, mas foi expulso da Marinha. Sobreviveu como pescador e vendedor até que o jornalista Edmar Morel resgatou sua história do esquecimento e lançou o livro "A Revolta da Chibata", em 1959. Mas, somente em 23 de julho de 2008, o governo brasileiro entendeu que as causas da revolta eram legítimas e concedeu anistia aos marinheiros envolvidos.

No dia seguinte (27/11) ao término da Revolta, num belíssimo dia ensolarado, com a presença do Dr. Jerônimo e da sociedade vitoriense que, jubilosa, compareceu ao Colégio do Carmo, Dom Fernando (bispo da capital) benzia o prédio reformado do Colégio do Carmo em Vitória. Em seguida, festejados foram dois expressivos acontecimentos: a equiparação do Curso Normal ao

Instituto do Estado e a inauguração do Asilo Coração de Jesus. Vovó Corina estava com 8 anos de idade.






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