Crise no preço do café

A crise é fruto da velha lógica de oferta e procura do produto, excesso de oferta o preço baixa e se há produto em falta o preço sobe Redação do M1 - (28) 9992-0545
 
 

Do M1 Rural
Carlos Otávio Ribeiro


Entendendo as crises de preço na cafeicultura

As crises de preço na cafeicultura são um fato comum, sendo que a cada crise temos algum fato inovador ou mudança de comportamento. No geral a crise é fruto da velha lógica de oferta e procura do produto em questão, ou seja se há excesso de oferta o preço baixa e se há produto em falta o preço sobe e quando isso acontece o produtor logo aumenta o investimento nas lavouras existentes ou o plantio de novas lavouras e dentro de certo período a produção aumenta.


 

O preço alto estimula o setor a produzir mais tendo a ocorrência do efeito “manada”, um fato novo é que dentro do novo processo tecnológico, num período menor de tempo teremos uma resposta de maior produção, em lavouras já existentes em dois anos após o investimento correto já se terá uma resposta de maior produção, da mesma forma em lavouras implantadas de café onde com 24 meses após o plantio é possível atingir produções superiores a 90 sc/ha.

 

 
   
Desta forma o incremento tecnológico na cultura do conilon está fazendo com que as oscilações de preço que anteriormente persistiam por mais tempo (tanto baixo como alto) sejam mais curtas, devido à dependência da tecnologia para a produção. Na tabela 1, temos o preço médio do café conilon corrigido pelo IGP-Di de Julho de 2013, compreendendo os preços médios anuais de 1995 a 2012.

Fonte: Preços obtidos junto a COOABRIEL- Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel


Verificamos que num período de 15 anos tivemos oscilações consideráveis, mas as principais conclusões são as seguintes:

* Desvalorização real no preço do produto, quando corrigido os valores, ou seja o cafeicultor perdeu poder compra considerável com o valor de 1 saca de café;

* No período de 15 anos podemos considerar como crise os anos de 2001 e 2002;

* Recentemente os anos de 2006 e 2007 foram os anos de melhor preço;

* Temos uma desvalorização real em relação a 1995 da ordem de 40 %, sendo que por outro lado a produtividade média dobrou, ou seja temos uma relação inversamente proporcional, o preço baixa à medida que a produtividade cresce;

* Apesar de termos analisado o café conilon, os preços praticados pelo café arábica hoje são frutos do alto preço de dois anos atrás onde houve melhor tratamento das lavouras e hoje estamos num período de aumento da safra por dois anos consecutivos.

A partir de 2007 com os melhores preços, o incremento tecnológico e a facilidade de financiamentos agrícolas a região produtora de café conilon vivenciou alto investimento nas lavouras, bem como o plantio de novas lavouras mostrando a ocorrência do denominado efeito “manada”.

Outro fato que vêm ocorrendo no cenário comercial é a cada vez mais crescente monopolização no segmento das indústrias de torrefação e das empresas de varejo. Desta forma temos muitos produtores e poucos compradores o que ocasiona uma distorção de mercado. Por outro lado temos o segmento produtivo desorganizado, no caso do conilon capixaba somente cerca de 7 % da produção é comercializada através das cooperativas.